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O impacto do diagnóstico tardio de autismo: minha jornada pessoal

  • Foto do escritor: Tati
    Tati
  • 22 de out. de 2024
  • 3 min de leitura

O Impacto do Diagnóstico Tardio de Autismo: Minha Jornada Pessoal

Desde muito nova, eu sabia que havia algo de diferente em mim. Enquanto as crianças ao meu redor pareciam se conectar naturalmente umas com as outras, eu me sentia deslocada, como se houvesse uma barreira invisível entre mim e o resto do mundo. Esse sentimento de "ser diferente" me acompanhou por muitos anos, até o diagnóstico de autismo em idade adulta. Este post é sobre como essa descoberta transformou minha vida e trouxe uma compreensão profunda sobre quem eu sou.


Sempre me senti diferente

Desde pequena, haviam sinais de que eu via o mundo de maneira distinta. A luz sempre me incomodou muito. Mesmo ainda bebê, eu aceitava o uso de óculos de sol, algo que muitas crianças rejeitam. Barulhos altos ou repentinos também me deixavam desconfortável, quase como se estivessem amplificados para mim. Eu não sabia explicar, mas simplesmente parecia que meu ambiente era mais intenso e, ao mesmo tempo, confuso.


Dificuldades nas interações sociais e na família

Nas interações sociais, o desafio era ainda maior. Em situações de grupo, eu sentia uma desconexão com as outras pessoas, como se houvesse uma linguagem secreta que todos entendiam, menos eu. Esse sentimento não se limitava apenas a amigos e colegas, mas se estendia até à minha família. Embora eu os amasse profundamente, muitas vezes, me sentia como uma estranha em meio aos que deveriam ser as pessoas mais próximas a mim.

A dificuldade em expressar o que eu sentia e em compreender as expectativas sociais era um peso constante. As interações com os outros pareciam desgastantes, e eu muitas vezes me isolava para evitar o estresse.


A ligação com meu hiperfoco

No entanto, quando o assunto era meu hiperfoco, tudo mudava. Eu conseguia interagir de forma muito mais fácil e entusiástica em conversas que giravam em torno dos meus interesses intensos, que mudavam ao longo dos anos. Esse foco extremo me deu ferramentas para me aprofundar em áreas específicas, mas também me fez parecer ainda mais "diferente" nas interações sociais cotidianas. Enquanto outras pessoas estavam falando sobre temas comuns, minha mente estava imersa nos detalhes mais complexos dos meus interesses.



Foto da Tati arremessando uma bola de polo aquático
Foto: Andrea Sanico

O esporte como válvula de escape

O esporte foi uma constante em minha vida. Participar de atividades físicas, como o polo aquático, me ajudou a encontrar uma forma de me conectar com os outros, ainda que fosse de maneira indireta. O movimento físico e as regras claras dos esportes me proporcionavam uma sensação de alívio e controle que eu não sentia nas interações sociais convencionais. Através dos esportes, eu também consegui lidar com o estresse que as sobrecargas sensoriais causavam no meu dia a dia


O diagnóstico tardio: uma chave para a autoaceitação

Foi só com o diagnóstico de autismo de nível 1 de suporte, já adulta, que tudo finalmente começou a fazer sentido. De repente, todas as peças do quebra-cabeça se encaixaram. Eu não era "estranha" ou "desajustada"; eu era autista. Essa compreensão trouxe consigo um nível profundo de autoaceitação. O diagnóstico me deu uma nova lente para entender meus comportamentos e sentimentos. Mais importante, permitiu que minha família também começasse a entender melhor quem eu sou e como eles poderiam me apoiar.


Estruturas de apoio e estratégias para uma vida mais leve

O diagnóstico não foi apenas um alívio emocional; ele também abriu portas para estratégias e ferramentas que têm sido essenciais para minha vida adulta. Desde ajustar minha rotina para evitar sobrecargas sensoriais até encontrar novas formas de me comunicar e me relacionar com os outros, o autoconhecimento tem sido um presente inestimável.

No entanto, é importante destacar que o autismo de nível 1 de suporte requer um apoio complexo, principalmente em relação às questões internas, como lidar com a ansiedade e a exaustão mental. Mesmo que, por fora, pareça que conseguimos nos adaptar bem, o esforço constante para "funcionar" em um mundo neurotípico pode ser avassalador. Por isso, encontrar estratégias que respeitem as minhas necessidades tem sido crucial para minha saúde mental e bem-estar.


O caminho para uma vida com mais entendimento e leveza

Minha jornada com o autismo não terminou no diagnóstico; na verdade, foi aí que ela realmente começou. Hoje, sou grata por essa descoberta tardia que me deu as ferramentas para viver uma vida mais plena e consciente. Para outros adultos que podem estar se sentindo perdidos ou "fora de lugar", minha mensagem é simples: o diagnóstico não define quem você é, mas pode ser o primeiro passo para compreender melhor a si mesmo e encontrar um caminho de autoaceitação.

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Sobre nós

Somos Hope & Tati, temos algumas missões , dentre elas: promover inclusão e conscientização sobre autismo e o papel fundamental dos cães de serviço. Tati é autista e a Hope é uma golden retriever cão de serviço, parceira nas aventuras diárias, trazendo segurança e independência para enfrentar os desafios cotidianos.

 

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